19 December 2007

AND SO ON



Ai Phoenix - The Light Shines Almost All The Way

A lista de referências e influências que eles próprios reivindicam na sua página do MySpace é quase irritantemente impecável: Bob Dylan, Hal Hartley, Salinger, Leonard Cohen, Sonic Youth, Aki Kaurismaki, “Olympia”, de Manet, Hiroshima Mon Amour e The Ramones. À qual acrescentam “and so on”. O que se poderá vir, posteriormente, a saber inclui os Velvet Underground, Stina Nordenstam ou Vic Chestnutt. Mas o mais interessante nesta banda norueguesa de Bergen é que, mesmo conhecendo o seu mapa de estradas privado, nenhum dos pontos de paragem pode ser imediatamente identificado.



Eles até poderão lá estar todos, no entanto, é como se tivessem sido apenas fotografados e, deles, os Ai Phoenix só tivessem guardado os negativos em versão de muito baixa definição. The Light Shines Almost All The Way não será tão excelente como The Driver Is Dead (2000) ou Lean That Way Forever (2002) mas não deixa, por isso, de conter uma notável colecção de canções construídas de poucas peças, “valores de produção” rudimentares e um esplêndido sentido de encenação “povera” que lhes assenta como uma luva. (2007)

7 comments:

gorgulho said...

A referência à Olympia/Victorine ou é equívoco ou é blague para épater le bourgeois.

João Lisboa said...

Explica, sff.

gorgulho said...

Peça mais célebre pelo escândalo que a rodeou do que pelo seu valor intrínseco. Pintada por gajo com desejo de aceitação pelo "sistema" que fica muito deprimido com a crítica negativa.
12 anos mais novo que Courbet e 24 anos mais novo que Daumier, pinta num realismo que começa já a ser "tardio", tentando uma versão moderna da Vénus de Urbino, de Tiziano e da Maya Desnuda de Goya. Se é pelo erotismo do tema, ver O Sono de Coubet do ano seguinte, se é pela suposta inovação plástica, ver o Vagão de Terceira Classe do Daumier, também de 64. Em suma, what's the fuzz? a hipocrisia de uns gajos podres de terem visto a Victorine Meurent nua, armarem uma escandaleira quando a viram nua num quadro?
Bah! quando uns músicos do século XXI dizem que essa obra é referência, estão a dizer alguma coisa?
Já agora avançavam menos de uma década e referiam, por exemplo, a Impressão do Sol Nascente, do Monet. Mas aí, táqueto que a afirmação passava a ser escrutinável. Podíamos perguntar se havia alguma relação entre a música deles e Reflexos na Água, de Debussy. Assim não se pergunta nada, a não ser: what's the fuck...?!

João Lisboa said...

E a Victorine até poderia ser uma moça cheia de talentos mas era feiota.

Esclarecido. Thanx. E posso abrir vaga para "comentador oficial de Belas-Artes"...

gorgulho said...

Inchado de orgulho, tenho de declinar a promoção que, aliás, muito me honra. O Princípio de Peter aterroriza-me, sabes?
Deixa-me continuar Mandador de Bocas a meio tempo. Já quanto aos honorários, não faço questão. Se insistires em aumentar-me, que posso eu fazer...?

João Lisboa said...

Fica, então, ocupada a vaga da Mandador de Bocas A Meio Tempo. É assim que se cria postos de trabalho!

Já a crisezinha, por outro lado, dificulta bastante os aumentos de honorários. É a vida.

gorgulho said...

Obrgado, obrigado, obrigado.



PS. Unhas de fome! sovina! explorador capitalista!