30 July 2011

ISTO É TUDO MUITO CASEIRINHO, NÃO É?...

A D. Esmeralda e o Sr. Alfredo (de visita à tabacaria)

... quer dizer, basta folhear uns jornais e umas revistas - na verdade, como à frente se verá, é mais do que suficiente conversar com a D. Esmeralda da tabacaria ou o Sr. Alfredo do café - e fica-se imediatamente a saber que o super-espião JSC-001, em conluio com o quase-tão-super-espião JL-002, andou a conspirar, nos dias tal e tal de Novembro, às tantas horas, para passar ao novo patrão informações acerca de uns russos que costumam jogar à sueca com o Putin, e, meia dúzia de dias antes, tinha cuscado com o não-tarda-nada-também-super-espião JPA-003 sobre uns metais preciosos e tal, enquanto se ajudavam uns aos outros a dar o laçarote no avental, à porta da Loja Mozart, entre a Boaz e a Jachin. Foram precisas escutas ou violações de correspondência para confirmar isto? Nem por sombras: quem, sem querer, contou tudo foi o filho da D. Esmeralda que namora com a sobrinha do Sr. Alfredo.

A catraia, para ajudar a pagar as mensalidades do curso de esteticista, arranjou um emprego, a recibos verdes, a tirar bicas na cantina da Oncoming, foi escutando uns zunzuns e deu à língua com a futura sogra que é, para ela, como uma segunda mãe. A D. Esmeralda arrebitou logo as orelhas: será que, na tal Loja Mozart (assim baptizada em memória de um brasileiro que foi jogador do Benfica), propriedade de uns pedreiros - o Brás e o Jaquim - que, pelos vistos, tinham decidido montar negócio próprio, lhe poderiam fazer uns preçozinhos em conta para os materiais da vivenda que ela e o marido andam a construir nos Fetais? Aconselhou-se com o senhor Alfredo (um santo homem) e não descansou enquanto não pôs o rebento em campo a fazer perguntas, quando ia buscar a cachopa à cantina. E ele fez. Mas parece que à pessoa errada: um senhor que, por acaso, era jornalista, e se interessou muito pelo lindo sonho da vivenda dos pais do moço. O resto, sabe-se, é história.

(2011)

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