24 April 2024

O Grande Festival de Estereótipos Etno-Socio-Raciais (que deve ter deliciado os elementos da "Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal")
Último capítulo da fabulosa saga do lendário Newton & Cº  
(capítulos anteriores : I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII)

 DA LÓGICA À EMOÇÃO

Não confundir Arooj com Arushi. Até porque importa saber que Arooj Aftab - a saudita-paquistanesa radicada em Brooklyn, autora dos óptimos Vulture Prince (2021) e Love In Exile (2023) e primeira dama actual do que ainda se vai chamando "world music" (título que, aliás, rejeita: “Tenho raízes em imensos lugares. Vivi os últimos 20 anos em Nova Iorque e lá cresci musicalmente. Não me vejo na qualidade de artista ‘world’ ou ‘global’") - se inclui no mui activo círculo de apoiantes da indiana de Delhi, Arushi Jain. Após o estudo de música clássica indiana, também ela emigrou para os EUA - São Francisco e, depois, Nova Iorque -, onde se entregou â informática no Center For Computer Research In Music And Accoustics, da universidade de Stanford. Após a publicação de um primeiro álbum, Under The Lilac Sky (2021) que passaria despercebido no turbilhão pandémico, o novo Delight foi concebido como "um alerta para rejeitar firmemente qualquer existência da qual o deleite esteja ausente". (daqui; segue)

"Our Touching Tongues"

19 April 2024

Como era absolutamente evidente

"Green Mossy Banks"
 
(sequência daqui) Old Wow foi a reconfiguração desse reportório em modo sofisticadamente orquestral, retomando um esssencial elo de ligação: "Aquelas pessoas que cantavam estas canções também cuidavam da terra. Quando deixamos de cantar à terra, a terra deixa de cantar para nós". songdreaming retoma esse mesmo percurso, de modo ainda mais cinematicamente rico - a experiência como actor, cantor e compositor de bandas sonoras para Peaky Blinders, King Arthur, de Guy Ritchie, ou The Unlikely Pilgrimage of Harold Fry, de Hettie Macdonald, deu audíveis frutos - e, numa tapeçaria sonora que tanto utiliza recursos orquestrais convencionais como recorre ao qānūn árabe, à nyckelharpa sueca ou ao coral londrino Trans Voices, oferece-nos um álbum que, confessa à "Mojo", "é o mais arrojado que já gravei. São hinos que celebram a nossa identidade e diversidade, canções que contam muitas histórias colectivas e individuais acerca do que podemos aprender se escutarmos profundamente o que a terra nos diz".

17 April 2024

16 April 2024

Entre a cogumelização - da "esquerda" à "direita" - dos/as pequenos/as infractores/as e o deprimente circo dos/as palhacitos/as irremediáveis, só por muito improvável acaso a seita neo-facha não engordará para além da obesidade
ESCUTAR A TERRA
Talvez não se tenha devidamente reparado mas Old Wow, de Sam Lee, foi um dos mais importantes álbuns publicados em 2021. Se, desde há anos, escutando The Unthanks, Stick In The Wheel, Hack-Poets Guild, Lankum e mais uns quantos, podia afirmar-se que as músicas de raiz tradicional e raio de acção contemporâneo haviam entrado numa nova idade de ouro que em nada ficava atrás da era dos Fairport Convention, Seeleye Span ou June Tabor, não se estava propriamente â espera do surgimento de uma personagem renascentista que elevasse tudo a um nível superior. Reunindo todas as pontas soltas, Sam Lee abraçou quantas causas ambientais foi capaz - fundou a Music Declares Emergency, associou-a â Featured Artist Coalition e esteve na origem de The Nest Collective - e, no mesmo gesto, entregou-se à redescoberta da música tradicional britânica. Em particular, aquela que foi recolhendo no contacto com aa comunidades cigana/"traveller" locais. (daqui; segue para aqui)
 
"Bushes And Briars"