03 August 2008

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (IV)

valter hugo mãe *



"Um dos seus amigos, Paulo Brandão, programador do Theatro Circo de Braga, fez a instalação 'o teorema de valter' para uma exposição no Museu Nogueira da Silva. "Ele só pensa em coisas escatológicas, tenebrosas e substancialmente imorais. Disse-me que eu ia ser o seu objecto de arte. Pediu-me as minhas unhas, cabelos, pêlos púbicos, urina e ainda esperma. É um dos meus melhores amigos e não tive como não me sujeitar à violência".

"Achei que éramos aborrecidamente convencionais: todos brancos, com uma família portuguesa normalíssima, sem nenhuma megadesgraça e nenhum brilho especial, não temos nenhum amigo africano nem transexual, somos chatos de tão normais".

(nota PdC: e uma coisa leva à outra, numa prodigiosa sucessão de acontecimentos...):



"Antony é personagem de 'o nosso reino' o primeiro romance de valter hugo mãe (...). É o senhor hegarty 'passando pelas terras como prova de algo maior. um descanso para os temerosos do fim da vida. uma esperança nas coisas do lado de lá'. O escritor e o músico são amigos ('dentro do que uma amizade à distância pode ser'). 'Gostamos muito um do outro', diz valter hugo mãe (...). Um dia, num café, valter falou a Antony da sua última paixão musical, Devendra Banhart. Antony não conhecia. Foi ouvir e depois convidou Devendra para participar no seu novo disco, ficaram amigos, através dele chegou às Coco Rosie. Quando Devendra veio tocar a Santa Maria da Feira - experiência que deu origem a uma canção 'Santa Maria da Feira' ('Comiendo una peira en Santa Maria de la Feira'), do álbum Cripple Crow -, Antony tinha-lhe dito para tratar bem um amigo português que no final ia ter com ele ao camarim. 'Devia estar com uma cara de parvo muito grande, porque mal me avistou Devendra percebeu logo e perguntou se eu era o amigo do Antony'. 'Sou eu o cromo', respondeu valter hugo mãe".
(Isabel Coutinho in "Ípsilon"/"Público" de 1.08.08)

* o autor faz questão nas minúsculas: "As minúsculas ligam o texto, aceleram-no, precipitam o leitor. As vírgulas ficam menos virguladas e os pontos menos pontuados".

(2008)

4 comments:

Anonymous said...

Era pegar na cambada da Quasi, enfiá-los num cargueiro e afundá-lo.

Depois de há uns dias ter ficado doente com a tradução do Vasco Gato do livro de poemas do Cohen fui agora brindado com todo o Y-VALTER HUGO MÃE related. Quem não leu que corra e vá já comprar. Não há memória de coisa mais DOENTE desde o vazio parentético.

Anonymous said...

"Ele só pensa em coisas escatológicas, tenebrosas e substancialmente imorais. Disse-me que eu ia ser o seu objecto de arte. Pediu-me as minhas unhas, cabelos, pêlos púbicos, urina e ainda esperma. É um dos meus melhores amigos e não tive como não me sujeitar à violência".

merda d'artista. daquela que se trata com wc pato.

Táxi Pluvioso said...

Um tipo que compreendeu a alma lusa, embora ela (a alma) esteja ainda em fase de negação, e se ache capaz de grandes coisas, como o computador Magalhães e a construção de máquinas de avoar...

menina alice said...

Olha que as labels deste post parecem de encomenda. :D:D:D:D